Escrito por Cecília Santana, voluntária no Ministério Irmã Rosa de Ferro em Salvador - Brasil
Ao longo da minha caminhada cristã entendi que obediência a Deus se resume a relacionamentos. Já estou ouvindo você dizer: “Como assim?” Calma, eu explico! Em Mt 22:37-40 Jesus diz para amarmos primeiramente ao Senhor Deus com tudo que temos, e amar ao próximo como a nós mesmos. Na prática, esses dois mandamentos significam que: precisamos nos relacionar com Deus primeiramente (orando e meditando na bíblia) e esse relacionamento influenciará o nosso relacionamento com todos.
Nós só amamos o que conhecemos e para conhecer é preciso passar tempo juntos. Em Atos 2:44-46 vemos que os primeiros cristãos faziam coisas juntos. Já na atual “Era Digital” às vezes os amigos virtuais têm mais atenção que os reais e como cristãos, devemos ficar atentos para não negligenciar o tempo uns com outros, especialmente pós pandemia, onde até os cultos ficaram virtuais e a prática da hospitalidade corre o risco de ser esquecida.
A bíblia fala muito sobre a importância da hospitalidade e hoje quero citar 2 razões e 3 dicas para exercermos mais esse dom:
-Deus deu o primeiro exemplo para seguirmos:
Deus quis se relacionar conosco e criou uma “casa perfeita”. O Jardim do Éden tinha tudo que precisávamos e o mais importante, tinha Deus caminhando conosco (Gn 2:15-25). Mas, sabemos que esse relacionamento foi quebrado pelo pecado de Adão e Eva, que “saíram de casa”(Gn 3:23,24). Logo depois, Deus como pai amoroso buscou o retorno do relacionamento através de Noé e construíram uma casa segura e livre do mal, mais conhecida como “A arca de Noé” (Gn cap. 6 a 9).
Mas novamente a desobediência nos afastou, até Deus encontrar em Abraão um novo relacionamento, e a primeira providência foi “sair de casa” (Gn 12:1-3). Essa amizade foi tão profunda que vemos Deus revelando seus planos futuros para a descendência de Abraão, eles seriam “hóspedes em outro país por um tempo” (Gn 15:13), mas depois teriam sua própria casa, uma terra que mana leite e mel (Gn 15:18,19 e Dt 6:3). Abraão foi um hospitaleiro exemplar quando recebeu os anjos (Gn 18:1-8), assim como seu sobrinho Ló (Gn 19:11), nos dois casos essas visitas foram grandes bençãos inesperadas!
A promessa feita a Abraão (Gn 12:3) nos alcançou como filhas, pela fé, através do relacionamento com Cristo, que veio diretamente do céu para morar conosco por 33 anos (Jo 3:16) e continua morando em nós através do Espírito Santo. A parte mais linda desse relacionamento é que Cristo preparou nossa morada eterna (Jo 14:2-4), por isso sabemos que somos estrangeiras nesse mundo passageiro e não podemos nos apegar a nada aqui, tudo é emprestado e deve servir para levar outros para Cristo.
-A hospitalidade é uma oportunidade para exercer amor na prática:
Através do lar terreno, que Cristo nos confiou, temos a oportunidade de mostrar seu amor aos moradores (pais, filhos, cônjuge), que necessitam de um local aconchegante, “um pedacinho do céu” nesse mundo tenebroso, para renovar suas forças físicas, mentais, emocionais e espirituais. Esse amor deve se estender a vizinhos, amigos, irmãos em Cristo e até estranhos! (Rm 12:13 e Gl 6:10)
Como mulheres sábias temos a responsabilidade de edificar nossos lares (Pv 14:1), sendo boas donas de casa, atentas ao andamento de tudo como a “mulher exemplar” de Provérbios 31. A porta precisa estar aberta ao ensino da Palavra como fez Lídia (At 16:14,15,40), para que Jesus entre e transforme vidas como a de Zaqueu (Lc 19:1-10).
Eu sou grata a irmã que abriu seu lar, através do qual eu e meu marido conhecemos Jesus e nos convertemos há mais de 20 anos atrás. Por isso, aconselho aquelas que pensam que suas casas são pequenas ou feias que deixem essa ideia de lado, porque hóspedes só precisam de amor.
Por fim, quero deixar 3 dicas práticas da minha experiência pessoal:
- Não reclame! Não podemos fazer nada murmurando (1Pd 4:9-11). Já me hospedei em casas em que tive a oportunidade de servir colaborando com as tarefas domésticas, por misericórdia daqueles que, mesmo com problemas foram hospitaleiros. Também já tive hóspedes que foram desafiadores e aprendi a ter mais mansidão, paciência e domínio próprio.
- Nunca espere nada em troca! Tudo que fazemos é para honra e glória de Deus (1 Co 10:31), nossa recompensa é divina (Mt 10:42). É muito melhor quando a iniciativa de retribuir é livre e espontânea, como ocorreu com Elias em 2 Reis 4:8-32. Seja como essa Sunamita, faça seu melhor e Deus te abençoará, e se for o hospede surpreenda positivamente!
- Por fim: Alegre-se, seja generosa e grata pela oportunidade de servir! A hospitalidade continua sendo um meio poderoso de Deus para aprofundar relacionamentos e mudar vidas!