Que os teus ouvidos estejam atentos e os teus olhos estejam abertos para ouvir a oração que o teu servo está fazendo dia e noite diante de ti em favor de teus servos, o povo de Israel. Confesso os pecados que nós, os israelitas, temos cometido contra ti. Sim, eu e o meu povo temos pecado contra ti. (Ne 1:6)
O livro de Neemias não apenas detalha sequencialmente a maneira bíblica de resolver conflitos e crises, mas também destaca a importância de confessar o pecado como parte essencial da restauração do nosso relacionamento com Deus.
É interessante que quando Neemias toma conhecimento da situação em Jerusalém e dos seus cativos, a primeira coisa que menciona na sua oração é a confissão, não só do seu pecado pessoal, mas também da sua família e da sua nação. Ele sabia que a desobediência do povo de Israel resultou na sua destruição e se sentia responsável. Desde a antiguidade, notamos que o pecado que não é corrigido e é praticado deliberadamente pode afetar não só a pessoa que o comete, mas também a sua família e até mesmo uma nação inteira.
Salmos 14:3 diz: “Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer.” Como homem temente a Deus, Neemias tinha consciência de que, embora as suas obras agradassem a Deus, o ser humano é pecador por natureza. Neemias pode ter sentido que poderia ter feito mais pelo seu povo antes que as coisas piorassem, mas a verdade é que a confissão é uma parte essencial da nossa vida cristã.
Nossa caminhada em Cristo começa com o reconhecimento de que pecamos diante Dele, arrependendo-nos de nossos pecados e confessando Jesus como nosso Senhor e Salvador, o que é confirmado com o batismo e a perseverança. Romanos 10:9 diz: “Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo.” As portas das bênçãos espirituais começam a se abrir com a confissão.
Contudo, a confissão não fica presa ao momento em que entregamos a nossa vida a Jesus. Ela deve ser um ato diário tanto para reconhecer o senhorio de Cristo como para evidenciar as nossas falhas. Diante de cada situação difícil, devemos examinar-nos e confessar as nossas ofensas ao nosso Criador. Nesse momento de reflexão, pensar no quanto o nosso pecado pessoal afetou a família e, de alguma forma, a comunidade ou sociedade, e confessar diante de Deus a nossa participação nele, seja direta ou indiretamente. Não é apenas pecado fazer o mal ao próximo, mas também deixar de fazer o bem, como diz Tiago 4:17: “Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado.”
Estou estudando a Bíblia, orando, examinando a mim mesma e confessando meus pecados com frequência? Isso me ajuda a me conectar com Deus e a cultivar um caráter manso que minha família, irmãos e irmãs da igreja, vizinhos, motoristas, pessoas no supermercado e colegas de trabalho notarão. Não ter uma boa comunhão com Deus nos afeta pessoalmente porque perdemos a paz, o que se reflete no tratamento dispensado aos nossos familiares e vizinhos, causando um efeito dominó no indivíduo, na família, na igreja, na sociedade e no mundo inteiro.
Procuremos fazer um esforço diário no nosso relacionamento com Deus porque isso impacta, de uma forma ou de outra, a vida da nossa família e a vida das pessoas ao nosso redor. Antes de conhecermos Jesus, éramos como uma cidade com muros destruídos pelo pecado. Agora, estamos sendo edificadas sobre a rocha que é Cristo.