“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hb 11:1 ARA). O capítulo 11, do livro de Hebreus, inicia dando dois atributos a respeito da fé: “certeza” e “convicção”.
É a fé em si, e não nossos sentimentos sobre a fé, que gera certeza. Alguns comentaristas dão uma definição complexa sobre o que de fato seria a fé. Mas vejo que a melhor definição de fé, baseia-se justamente na certeza da confiança da Palavra de Deus, e não dos nossos sentimentos circunstanciais.
O livro de Hebreus menciona os traços de algumas pessoas que caminharam pela fé. Abraão é a primeira pessoa descrita no velho testamento, como um exemplo específico de fé e obediência, sendo o mesmo chamado de “pai da fé”. Submisso à vontade de Deus, segue em direção a uma terra que ainda não tinha conhecia, sendo movido apenas pela convicção do cumprimento das promessas de Deus… Ao observar o contexto cultural do livro de Gênesis, onde acontecimentos da história de Abraão e sua esposa Sara são narrados, vemos que não é nada atrativo! Os primeiros indícios da decadência humana, como por exemplo, povos idólatras, já se faziam presentes.
Lendo Hebreus 11, podemos observar características da confiança e obediência daqueles que são conhecidos como "heróis da fé", nas promessas de Deus.
- A fé provinha de algo racional, e não meramente circunstancial ou sentimental;
- A fé deles tinha como firme fundamento as promessas de um Deus cujo conhecimento é insondável (Hb 11:9-10);
- Eles andavam com Deus. Sua fé crescia à medida que conheciam mais a Deus;
- Eles acreditavam no consolo e na providência de Deus em suas vidas (Hb 11:7);
- Eles deixaram os prazeres do mundo para trás e olharam para o alvo (Hb 11:24-27);
- A fé é um ato de coragem (Hb 11:30);
- Pela fé, agiram com justiça, e não temeram aos homens (Hb 11:32-34).
Sobretudo, creio que a obediência só se faz presente em uma fé genuína, que deve ser vista na transformação de cada indivíduo que crê em Cristo. Desde a minha conversão, tentei descobrir qual o chamado de Deus para a minha vida. Sem compreender que eu deveria ler as escrituras para encontrar a resposta, nem entender que a vontade de Deus para as nossas vidas é que creiamos em Cristo e sigamos o Seu caminho. Mas até eu entender isso, percorri alguns caminhos dolorosos e espinhosos, em grandes áreas da minha vida. Duvidei da providência de Deus, e em várias questões tentei “dar o meu jeitinho” ou apressar os planos do Senhor.
Quando não confiamos em Cristo, tendemos a nos colocar como senhores das nossas vidas. Simbolicamente, me identifico com o curioso processo da formação da pérola na ostra. Pérolas são produtos da dor, resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra; uma ostra que não foi ferida não produz pérola. Por vezes, as adversidades da vida nos impulsionam a confiar em Cristo, é como se fosse nosso último escape. Eu queria que tudo acontecesse na minha vida exatamente no meu tempo!Queria crescer espiritualmente do dia para a noite, ter a tão sonhada família cristã, queria que Deus curasse as feridas da minha alma, mas a verdade é que pouco pus em prática: “Nunca o deixarei, nunca o abandonarei” (Hb 13:5). Aquele que busca obedecer a Deus, deve pensar como Abraão, Sara, Noé… que consideravam sua estadia nesta terra como breve, eram estrangeiros, aguardando o retorno à sua terra natal.
De igual modo devemos pensar e viver pela fé, pela esperança, pela certeza do cumprimento das promessas de Deus. Não nos deixando moldar pelo comportamento do mundo, como pessoas que não tem esperança, mas atentas ao nosso chamado divino de viver em santidade. Ouça o chamado de Cristo, se atente a sua voz, como bem disse Samuel “...Fala Senhor, e o teu servo te ouve.” (1Sm 3:10). Acalme as preocupações deste mundo e lembre-se das palavras de Jesus: “Observem como crescem os lírios…” (Lc 12:27- 32). Olhe os pássaros que pousam na sua janela e te dizem: confie em Deus. Assim como o Senhor cuida dos pequenos animais e veste os lírios do campo, Ele cuidará do seu povo e o fará repousar em pastos verdejantes, mesmo em meio às adversidades da vida.
Que o Senhor Jesus aumente a nossa fé seja na alegria ou na tristeza, na vitória ou na derrota, mesmo quando o medo e a ansiedade nos abraçarem, que a nossa confiança e obediência cresça enquanto peregrinamos como estrangeiros por esse mundo, rumo a cidade celestial.